Chorei muito, durante muito tempo, maldisse a Deus, aos anjos e aos santos pela minha desgraça… hoje, depois de ouvir o que já ouvi… acho que só tenho a agradecer ter sido uma pobreta… fez-me bem, foi o melhor que me aconteceu… cheguei aqui ainda com raiva… desgostosa e triste… porque tinha tido uma vida assim… quando era menina, filha de pais ricos, não fazia mal a ninguém, era muito jovem… se crescesse assim, teria sido boa menina do mesmo modo? Não sei… se calhar não… é…. se calhar não… os meus pais eram senhores, nada dados ao cuidado com os pedintes… respondiam-lhes sempre: “trabalhem!” as primeiras vezes que ouvi isto, não entendi…era criança e pensava:” são doentes ou são velhos, como podem trabalhar?!” – mas enfim, com o tempo crescendo dentro desta atitude de desinteresse pelos demais. Foi preciso ficar sozinha e pobre para dar valor às mais pequenas coisas… Como a vida é curiosa, tornei-me naqueles que aprendi a ignorar… foi uma grande reviravolta… ao chegar aqui… entendi… eu precisava sentir o que se sente quando somos desprezados… só assim se dá verdadeiro valor, ao calor do sol, a quem nos oferece a mão para nos ajudar a levantar… foi isso que encontrei aqui… não consigo deixar de pensar nisto… que reviravoltas dá vida, é a balança da justiça de Deus… entendi!...
Parto envergonhada por não ter sabido ser melhor pessoa, mas serei um dia! Tenho de ser!
Gerta J.
Nota: Segue para o seu plano espiritual acompanhada por duas irmãs espirituais
colaboradoras dos trabalhos.