Psicodigitação recebida na Aela na sessão de 27.10.2016
Que sou, quem sou, que faço aqui, que
fiz ali… vivo apenas vivo… melhor existo,
apenas existo… porque viver é estar consciente, e isso nunca estive…
procurei quimeras, riquezas, pedras preciosas, desejei o impossível! Queria
tudo de bandeja, imaginava que seria feliz se tivesse um copo de ouro, uma cama
de ouro, lençóis de seda brilhante… tudo tive e nada me fez feliz… e as
amizades, eram mais do meu ouro do que minhas….
Quando precisei de auxilio, quando a
doença chegou, quebrando-me a soberba, não foi o ouro que me deu sopa á
boca!... foi a velha empregada que com doçura me dizia “o ouro é o pior inimigo
do homem”… nunca o quis aceitar! O ouro nem fala, nem te atira uma espada, nem
te dá um tiro! Como nunca o consegui entender!... Que cegueira! Pela minha
riqueza, não tive amizades verdadeiras, enquanto estive doente, as visitas
foram-se espaçando… despareceram… já não haviam as jantaretas sumptuosas… mal
conseguia comer uma sopinha… Os “amigos”
tornaram-se pessoas “ocupadas”… e eu cada vez mais sozinho… mais fraco… mais
calado… perdi a noção do tempo que
estive acamado… creio que oscilava entre
os dois mundos várias vezes… não era dormir… era vir aqui e regressar…. regressar
e vir aqui… muito tempo se passou até aceitar a minha derrota… precisei de
estar naquela cama sem forças dias e dias sem fim… ser um dia senhor e no dia seguinte um
“nada”… sozinho… foi duro ver as ilusões a desfazerem-se no ar… como fumo…
Depois de me dar a sopa, ficava a meu
lado. Estava tão fraco que fechava os olhos. Ouvia a falar, a rezar… sentia uma
luz quente que me convidava a vir para aqui… me reconfortava e acalmava… e
depois adormecia… até um dia não acordei mais… e estou aqui!!!
Para sempre a minha gratidão a Deus
por me der dado uma companhia, com verdadeiro amor no fim da minha vida.
Aprendi a valorizar uma mão amiga, mais do que um punhado de moedas de
ouro… mas foi preciso perder tudo… que
vida desperdiçada!
Peço a Deus auxilio para esta alma
bondosa que me acarinhou, esteja ela onde estiver! Tenho a certeza de que será
uma Estrela!
Até um dia, com humildade e pés no
chão.
Jonas, Porto, 76 anos