Psicodigitação recebida a AELA
Segui por ali, por acoli… não encontrei nada… até que um
dia, não compreendendo o porquê, porque me sentia assim tão indiferente perante
a Vida, decidi viajar. Apenas um saco ás costas, uns chinelos e uma manta.
Viajei leve, para que nada me pudesse toldar o meu entendimento. Porque me
sentia assim? De onde vinha este vazio que nunca conseguia entender naquela
altura? Não era no álcool que encontrava satisfação para o meu desassossego …
Não era com relações com mulheres ou homens que me dava tranquilidade…
encontrei muitos mais, tão ou mais perdidos que eu… Não era a condição social,
eu tinha tudo o que precisava e muito me sobrava… também não era isto que me
aquecia o coração… continuava a sentir-me frio, só, perdido… Procurei no caminho místico a explicação para
este meu coração inquieto… li muitos livros, muitas doutrinas, muitas
filosofias… e nada me satisfez verdadeiramente… continuei a minha busca… desta vez decidi libertar-me
de tudo o que fosse físico, ficando apenas com aquilo que era necessário para o
meu dia a dia, uns chinelos para que a dor dos pés não me impedisse de
caminhar, uma manta, para me cobrir durante o frio da noite e a doença não me
impedisse de continuar a procurar, um saco com pequenas coisas: um lápis e um
caderno grosso para registar tudo o que senti, tudo o que observava e tentar
assim compreender a alma humana.
A teoria, a forma de pensar do Homem , já havia estudado o
suficiente, mas como podia eu aplicar tais ensinamentos? Como os aplicavam os
que os haviam estudado antes de mim?
Quis conhecer na terra a realidade! Onde estaria o meu coração a falhar?
Porque me sentia tão vazio? De onde vem esta saudade que não entendo?
Olhei nos olhos de
muitas pessoas, procurei as suas almas, queria ver nelas o que estudei… na
maioria, pouco encontrei. Muito
desespero, muita falta de fé… muito medo do dia de amanhã, muito medo sobre a
morte… medo! Presente em tantas coisas
da vida! Queria entender, porque o medo é mais forte do que o Amor! Como se
pode negar que o que nos alimenta é o Amor? Está presente em tudo o quu nos
rodeia e nem nos apercebemos… Eu fui o
primeiro de todos a assumi-lo: dediquei toda esta minha vida ao estudo, à
procura do sentido da Vida! É a isso que se resume a minha vida…
Na minha condição de humilde viajante, contactei com muitos
mundos, muitos povos, cada um com as suas crenças, os seus valores, e a sua
forma de lidar com cada realidade. Uns celebram a morte com alegria, é o
regresso a casa; outros vêem nesta fase da vida, uma despedida para sempre… uma
perda… Como pode a Humanidade, perder o contacto com a vida espiritual? Para
mim a busca foi longa até que o aceitasse também, não sou nenhum exemplo… Quantas provas foi necessário passar até cair
em mim mesmo… Somos eternos, e cada prova é apenas mais um exercício a
enfrentar para nossa melhoria constante…
Mas porque o esquecemos e nos revoltamos contra Deus? Como é curioso agora dizer “Deus”! Quanta estrada percorri até o aceitar
… Tem tantos nomes!!! Mostra-se de tantas formas
e no entanto é só UM!! Cada forma
adequada ao estado evolutivo de cada povo, de cada Mundo…
Olhando para trás… perdi muito tempo… este vazio que sentia em mim, ainda não
acabou, entendo-o agora, é a minha ansia de querer chegar junto a Deus. É a minha ansia de regressar a casa! Porém,
ninguém tem acesso directo á Felicidade! Não se compra, não se ganha do nada! É
algo que se conquista no dia a dia, em cada momento, conforme nos doamos e
damos a mão, de coração aberto, entendendo sempre que, a nós apenas nos exigido
o nosso melhor. Este é um dos resumos que faço de tudo o que aprendi... ainda
mantenho o mesmo saco, lápis, caderno, chinelos e manta… mas mais do que pregar, aprendo eu, todos os
dias uma palavra de carinho, um gesto de caridade… toda a Humanidade precisa de sentir calor
fraterno, é assim que se curam as doenças, sobretudo as da alma.
Pedi esta oportunidade para escrever o meu testemunho de
viajante. Apenas isso, de um viajante do tempo, em continua troca de ideias e
sentimentos até saber tudo sobre a maravilhosa Obra de Deus.
Até um dia, nos trabalhos!