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As mensagens que tenho recebido são lições de Amor e Humildade recebidas com respeito e fé como é ensinado na Doutrina Espirita. São apelos constantes à nossa consciência para que todos os dias façamos o nosso melhor, certos de que colheremos o que hoje plantarmos...
Cada um de nós é responsável pelo rumo da sua própria vida, no entanto, nunca estamos sozinhos, nossos Guias / Anjos da Guarda são queridos Amigos, Companheiros e Irmãos mais velhos a zelar por nós, sem nunca esquecer que o primeiro passo tem de ser o nosso...

Sou grata a Todos os que tocam a minha Vida, com todos aprendo... sejam eles que Quem forem... estejam eles Onde estiverem...
Consciente da minha pequenez, partilho-as convosco...

Este blog é uma produção independente que começou no final de 2014. Inclui também as mensagens recebidas desde 2007 por psicografia e psicodigitação desde Maio 2016 na AELA / Setúbal / Portugal - www.aela.pt / Facebook: AELA - Associação Espirita Luz e Amor.


14 de maio de 2017

Testemunho de taberneiro - 30.03.2017 - última mensagem da sessão.

Psicodigitação recebida na Aela


Caramba, trabalhei tanto, não me lembro de mais nada que não seja trabalhar… e mesmo assim vim parar aqui….  Eu merecia o Céu por tanto ter trabalhado!  Mas que raio então deveria ter feito?  Não matei, não roubei… então que esperam de mim?  Que querem aqueles que me cercavam desde que morri? Não entendo!! Sou perseguido como um criminoso…. Bem se me perseguem a mim que nunca matei ninguém… os assassinos então morrem e são mortos logo a seguir não?   Não entendo, sou tratado como um assassino!  Não matei ninguém!!!   Porque me gritavam então? Que me queriam? Porque me chamavam assassino sem coração?  Mas que é lá isso, não esfaqueei ninguém, nem o ladrão que me queria roubar a taberna! Não entendo!   Vivi apenas para o trabalho!  Para a minha velhice, e afinal morri e não trouxe nada, bonito!  Nem velhice, nem dinheiro…   sim senhor, e aqui estou, sem nada, sem fé… e envergonhado…  sei lá quanto tempo me andaram a gritar “assassino, coração de pedra…  Eu não matei ninguém com as minhas mãos, nem mandei matar…
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Se queriam beber, era problema deles!  Eu só servia o vinho!  Se não pagavam não bebiam, e se alguns fiados fiz, era meu direito receber e pronto, também comprava o vinho.  A água que coloquei no vinho também não matou ninguém, embebedavam-se menos até! 


Eu sei porque me atacavam e tentavam humilhar… no fundo eu sei… nos tempos de miséria e sem trabalho, muitos choravam ali as suas mágoas e desesperos, mulheres doentes, filhos pequenos com fome… não havia trabalho, mau tempo seguido…  mas eu também tinha avida para ganhar… eu também podia precisar e não tinha família… e se ajudasse um, tinha de ajudar outros… muitos com gratidão vinham-me beijar as mãos, os outros perguntavam logo porque e tentavam não pagar as contas… não podia viver assim… eu tinha uma taberna, também precisava de ganhar a vida… era uma vida pobre…. Nunca se sabe se amanhã não estaria eu numa cama…  lá cai, até parece que adivinhava, mas também depressa morri… 

Dei sempre um pãozito á velhota que morava por detrás da taberna… Juliana, Senhora de muita idade, desdentada, pequena e muito curvada.  Mulher muito calada, falava com os olhos, com gestos…. Poucas vezes lhe ouvi a fala. Vivia sozinha como eu. Nunca lhe ouvi uma fala mais alta, poucas visitas, uma por ano… nunca lhe perguntei nada…  de manhã cedinho, dava um leve toque na porta, ela trocava o pequeno pão por um ovo! Cumprimentávamo-nos com um olhar e um leve sorriso. Eu tocava o meu boné em sinal de respeito, a velhota fazia um pequeno gesto com a cabeça.   E lá fazíamos a nossa troca, todos os dias, em segredo!  Ou teria muitos pedintes na porta, não podia ser! Eram tempos de miséria.   Um dia, pouco tempo antes de eu cair na cama, batia na porta da velhota, umas quantas vezes,,, e forcei a entrada…. Estava fria e com o pãozito do dia anterior agarrado ao peito… parecia estar feliz, tão calma era a sua expressão… sempre me perguntei se teria morrido a rezar, no banquito á sua frente tinha um terço de madeira… sem querer chorei… seria a minha única amiga… fiquei verdadeiramente sozinho..  fui a casa buscar dinheiro, o que achei que seria o seu funeral e coloquei numa lata… corri a chamar o sacristão da igreja, mostrei-lhe a lata, e sai rapidamente.

Fui abrir a taberna e nunca falei no assunto a ninguém. Comentavam os pobres bêbados, que não sabiam como a velha senhora tinha conseguido dinheiro para o funeral, para o caixão mais propriamente dito…  amigos não lhe conheci, família também não…
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Dizem-me que alguém pediu por mim a Deus, terá sido esta velha senhora? Era apenas um pequeno pão e duro… por um ovo… um ovinho! Nada mais me podia dar! Mas não lhe pedi qualquer pagamento… meu Deus,  não matei ninguém, mas também nada de bom fiz… é isso não é?  poderia ter feito muito mais? É verdade que alguns em vez de irem para casa, ali gastavam tudo… o dinheiro muitas vezes para a família comer… como fui guloso, apenas pensei em mim…. Quanta desgraça causei… ao servir vinho, levei a que outros desamparados morressem sem o auxilio necessário… com fome…  hoje lamento muito mais do que quando estava a servir…   mas eram desesperados, pobres … homens derrotados pela dureza da vida… como eu seria se não tivesse a taberna…. A alguns mandava para casa…. Iá ia aconselhando: vai para casa…  mas a vida era assim…

 Que pediu por mim? Quem se lembrou então de mim?  Espero um dia poder agradecer…

Vou com vocês? Esperam-me? Para onde vou?
Descansar, oh descansar…. Há muito não descanso em paz com medo de ser atacado… 

Agradeço a todas as almas boas que velaram por mim. Obrigado por registares as minhas palavras, são um pedido de desculpa aos muitos que eu não soube ajudar… lamento verdadeiramente.

Obrigado, vou aprender a ser mais corajoso e melhor. 
Joaquim Lemos ,
Taberneiro arrogante.