Se alguns
querem ler testemunhos para aprender com os erros dos outros, alguns leem e
ainda se acham superiores – “Ah eu nunca fiz isso!” – Pois sim, era capaz de
afirmar que de uma forma ou outra, todos fizemos os mesmos erros… não quero mal
a ninguém, eu também sou grande pecador ou não estaria aqui hoje a escrever… e
não me estou a vangloriar de poder escrever, faz parte do meu processo de cura.
Não tem mal algum chamar-lhe assim…
enfim… é apenas a verdade… vou
ler e reler estas palavras todos os dias até ser capaz de me olhar no
espelho… sinto-me um nada… e mesmo
assim não resisto a dar umas torquesadas nos outros… já era altura de eu saber,
que é por essas e por outras que agora aqui estou neste estado lastimoso…
“morro” ao provar do meu próprio veneno…
Criticar
todos sabem, dar uma mão… credo! Ou estão
100 a ver, ou passo apressado e “nem vi”…
pois por essas e por outras aqui estou… “sem alma”…
E que mais
posso dizer…. Nada abona a meu favor…
não tenho nada para mostrar…. Se fazia uma caridade, fazia trinta mil
“descaridades”… Não matava com as minha
mãos a sangue frio, mas assassinava com palavras a sangue frio… fui tão
criminoso quanto um esquartejador ou aquele que mata com um tiro…. Não fui
melhor… tinha em comum com estes malfeitores a vil intenção de menosprezar,
diminuir, extinguir um semelhante a mim…
Ter um
coração grande, com amor e compaixão era o meu objectivo… no entanto deixei-me deslumbrar
pelos prazeres carnais, pelo álcool… pelo fumo… tive medo de não ser amado, no entanto o que
mais queria era ser amado, verdadeiramente amado… nunca encontrei essa paz… essa paz que tanto
procurava….
Pensei que
na carne, nos prazeres, sentir-me-ia vivo, mais vivo…. Ledo engano… acabei por
me perder e enredar em esquemas de ilusão de poder… quando o verdadeiro poder,
só o tem quem sabe amar… parece um
contrassenso … como pode aquele que se
cala ser mais poderoso do que aquele que grita? Como? É irreal..
mas é verdade… experimentem e
depois vejam…. O que custa mais? Calar e
interromper o ciclo da violência, ou responder na mesma moeda?
Aqui me
entrego, humildemente…. Finalmente humildemente… para aprender… a todos os que
destratei… perdão!
Perdoem…
Estou pronto
para me punir a mim mesmo e enfrentar as consequências dos meus loucos actos e
pensamentos.
Jorge Penedo
52 anos -
Lisboa