Sabem que mais? Há muita falsidade!
Muita, muita…. é uma tristeza… os que amam, não se manifestam muito, os
que apenas querem brincar, dizem que amam muito! Ledos enganos,
quantas misérias assim se criam … quantas vidas se tornam inúteis neste
jogo da manipulação que muitos fazem…
No final, todos choram, os ofensores e os ofendidos… os que ofenderam, estão a criar causas para
mais sofrimentos, isso é certo, tudo se paga!
Os magoados na alma, poderão estar a aprender uma lição, se entenderem a
Vida, se não planearem vingarem-se, se “souberem voltar a face”…
Quem sofre, resgata as suas dividas passadas, se em vez de planear
matar, se perguntar a si mesmo: onde terei errado? Que mais tenho para aprender
ainda?
Parece loucura, mas é verdade…
Fui seminarista, aprendi a teoria do que é ser Bom. Um dia quis
conhecer o Mundo, e aí fui pecando, magoado e sendo maltratado, revoltei-me
contra Deus, pensei: não existe o Deus do Bem de que os livros falam! Eu não O
encontrei nas crianças com fome, nas guerras, nos hospitais dos lugarejos, nos
pobres animais abandonados a deambular pelas estradas…
Onde esta Deus nesses lugares? Onde está o Bem? Perguntei-me muitas vezes… entristeci-me… deixei de comer, deixei de
viver… comi restos dos caixotes do lixo, ao lado de ratos e ratazanas, cães e
gatos vadios, tão esfomeados como eu… formámos uma “matilha”…
Perdi não me recordo quantos anos da minha vida, não “vivia”,
existia…
Nos animais encontrei calor para as noites frias, neles encontrei amor
verdadeiro, amor fraterno puro e simples!
Nos seus olhos via “Luz”… Minha gratidão para sempre!
Lentamente comecei a sentir-me vivo de novo… Uma velha senhora, oferecia-me todos os dias
um quarto de pão. Dividia-o com meus animais irmãos. Este pão “não era” pão
normal, era pão temperado de Amor, era alimento para a alma, era ouro puro para
mim!
Suas mãos tremulas, sempre acarinhavam as minhas ao receber o quarto de
pão! Quem sabe se passaria fome para poder repartir comigo… Afinal, o Bem
existia! Eu não sabia que era verdade, eu não entendi a teoria que li, não
imaginei que o amor estivesse nos mais pequenos gestos…
Agora entendo, agora no final da minha vida, já pouco mais pude fazer
do que cuidar daquele grupo de animais… estava velho, sem saúde, prestes a vir
para aqui.
E um dia parti …. Adormeci no sobrado de uma porta…. Meus últimos
pensamentos foram, o meu arrependimento pelos erros que fiz, por ter perdido a
fé….
Por não acreditar que um Deus de Amor nos creou e sempre amou… e eu… eu
tinha-me tornado um ingrato revoltado e completamente inconsciente e
irresponsável sobre a minha responsabilidade sobre a minha vida… eu poderia ter
escolhido outros caminhos se tivesse acreditado, que hoje estaria aqui de novo,
só o corpo ficou na terra funda… eu vivo, e vivo a lamentar os erros do
passado…
Recordo breves momentos num ambiente escuro, negro… com ruido abafado
de trovões, frio, senti medo… continuei
a pedir perdão a Deus pela minha falta de fé… lembro-me de desfalecer no chão…
adormecer e acordar aqui á alguns tempos a trás…
Fiz muitas perguntas… queria entender… que se passou afinal?
Foi-me proposto ajudar três semanas neste posto de socorro, depois
responderiam a todas as perguntas que eu desejasse… Não foi necessário… recordei tudo... os meus
tempos de estudante, da minha procura pelo Bem, da minha miséria, e do meu
reencontro com o Amor pelas mãos trémulas de uma velha Senhora. Nunca descobri onde morava! Suas mãos, seus
olhos, ainda hoje me aquecem e acalmam a alma… Minha gratidão para todo sempre!
Não vou seguir com os outros grupos. Prefiro ficar aqui a ajudar quem
já me ajudou a mim. Prefiro esperar aqui para espalhar o Bem junto dos que aqui
chegam. Quero ir dando a minha história como exemplo, não pelo valor histórico
nem pela qualidade da prosa, apenas quero ensinar que, se nos arrependemos
verdadeiramente, o auxilio para voltar ao Bom Caminho também vem ao nosso
encontro.
Se sofres, não te desesperes, não percas a fé! Pede Entendimento a Deus
Pai! Reza e aguarda! Avança e crê que não estamos sozinhos!
Obrigado por receberes as minhas palavras, que o meu mau exemplo posso
inspirar alguém a não desistir de viver.
Até um dia, em Paz.
Alejandro
Diaz