Eram tubos e apitos e tubinhos para a direita e tubinhos
para esquerda, agulhas aqui, agulhas ali…aquilo era viver? Era? Mas quem é
que gosta de ser furado!
Mas que digo eu, ralho e resmungo com quem apenas tinha
como missão, cuidar de outros fisicamente… e outros ainda faziam mais, tentavam
remendar a alma, mais do que o corpo…
Talvez se eu tivesse cuidado dos outros com generosidade,
com os muitos que se cruzaram na minha vida,
se eu tivesse ajudado… talvez não tivesse ficado tanto tempo numa cama
de hospital, totalmente dependente da caridade dos outros,,, deveria ter valorizado a saúde que tinha, a
possibilidade de ajudar em vez de ser ajudado… pois é assim… se não aprecias o
que tens, talvez seja necessário, mostrarem-te o que perdes-te… olha a mim foi o que aconteceu… Maior é a minha vergonha… reconhecer que
tive tudo na mão, poderia ter ajudado tanta gente, sentido que era gente , que
era útil, que tenho objectivos de vida……
vivi uma vida vazia e acabei por tristeza numa cama de hospital… e nem
dei por isso… que burrice!
Bem aprendi agora… Agora é andar para a frente e aguentar o
que me espera… não vai ser fácil: aprender a valorizar a vida e a caridade
alheia…
Desculpa, não tenho mais palavras… doi…
Francisco Pereira ,63 anos, Porto.
Nota; a chorar seguiu acompanhado dos irmãos de luz dos
trabalhos
para o local adequado ao seu estado e á sua recuperação.
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