Recebido na AELA a 26.06.2016
Que fiz eu da minha vida? Que fiz eu da minha luz? E ás vezes pergunto-me se alguma vez eu tive alguma luz em mim... não recordo nenhum momento feliz... por isso devo de ter perdido a minha luz há muitíssimo tempo... lembro.me apenas de existir...apenas isso..nada de importante fiz... nem de mau... nem de bom... existi... apenas existi... como uma estátua na praça... ao vento e à chuva completamente indiferente a tudo e a todos... não reagi a nada... desisti de viver.. e se tento perceber qual a razão... não a encontro... mas à quanto tempo estou assim, neste neste estado estatizado? Cheguei a ver estátuas que anda dava abrigo aos pássaros, agora eu nem para isso servi... não revejo o meu corpo de forma palpável, já entendi que morri, já o percebi... mas não recordo por onde andei... quando morri,,, tenho estado neste hospital há algum tempo, não sei dizer quanto... ninguém me explicou directamente... mas ouvi o que diziam a muitos que por aqui têm passado... apenas ouvia... e ouvia... até que um dia pareceu que fazia sentido o que ouvia... estive caldo tanto tempo, que quando quis falar, parecia que nem o sabia fazer... chorei, chorei apenas... senti um abraço tão caloroso, senti calor, senti-me vivo... senti-me grato... chorei por gratidão, algo que não me lembro de ter feito em muito tempo que por aí existi...
Apenas recordo a consciência de estar vivo... mesmo não sabendo como viver...
Pedi para ditar estas palavras simples, provavelmente confusas... não pela sua importância literária, mas para mostrar até onde podemos descer quando desistimos de viver verdadeiramente... tornamo-nos estátuas de material... sem qualquer utilidade, empecilho para aqueles que se esforçam por viver e seguir em frente...
Àqueles a quem eu poderia ter ajudado e não fiz... perdão...
passarei novas provas em que precisarei eu de auxilio e não o receberei prontamente...
é justo que assim seja... chorarei de novo... mas desta vez, não desistirei, darei tudo o que tiver em mim para ser útil...
Peço a quem ler estas palavras: orem por mim... esperam-me dias de difícil aprendizagem...
Talvez,, até um dia! Se Deus quiser...
João Pedro, o Esquecido...